Algumas pessoas acreditam que abuso sexual somente é caracterizado quando há penetração ou estupro. Desta forma essas pessoas minimizam os fatos sem saber o mal causado e suas consequências na vida adulta.
Abuso sexual infantil é expor uma criança ao contato sexual de um adulto ou adolescente. Quando falo de criança me refiro a de menor de 10 anos, que não sabe e não entende o que é sexualidade. Seu corpo ainda não recebeu a carga hormonal que acontece na pré-adolescência (10 a 12 anos) e desenvolve e prepara o corpo e a mente para a sexualidade. Por tanto essa criança não está pronta para entrar em contato com a sexualidade e esse contato a choca, a deixa confusa em relação a si mesma e aos adultos que devem cuidá-la.
Um fator importante a ter em conta é que o abusador sente excitação pela criança. A excitação é do adulto, que muitas vezes acredita que a criança o está provocando sexualmente, mas isso não é a realidade. A criança desconhece o que é sexo e não tem intenção nenhuma de provocar o adulto. O adulto sente excitação sexual por um corpo infantil, ele o erotiza na sua mente, no seu pensamento com fantasias sexuais e depois quer acreditar que essas fantasias sexuais são realidade.
Nestas interações em que o adulto força um contato sexual com a criança quero ressaltar novamente que o adulto tem uma intensão sexual ao entrar em contato com a criança.
Então vou fazer uma descrição de algumas possíveis situações de contato sexual com crianças que deixarão marcas na vida adulta. Existem 3 formas em que o mundo impacta nossos sentidos: visual, auditiva e contato físico. Cada uma destas formas pode produzir um trauma sexual. Vejamos alguns exemplos:
Contato físico
- Pedir para a criança tocar nos órgãos sexuais do adulto; masturbá-lo.
- Esfregar órgãos sexuais no corpo da criança.
- Tocar nos órgãos sexuais da criança, nas pernas, na bunda, nos mamilos.
- Beijar a criança na boca com excitação sexual, nos mamilos ou fazer sexo oral na criança.
- Fazer a criança beijar as regiões que ele se excita sexualmente; pedir a criança fazer sexo oral.
- Pedir para tomar banho junto com a criança e se excitar sexualmente durante o banho. Já tive um caso em que a mãe se excitava com o filho durante o banho e o apertava contra o corpo dela e falava para a criança “ai! Que gostoso!” logo após o banho essa mulher se masturbava e o filho a espiava. Essa mãe tinha sido abusada na infância e estava repetindo um padrão de se excitar com o corpo de uma criança.
Visual
- O adulto exibir seus órgãos sexuais excitados para a criança. Pedir para a criança olhar.
- Espiar a criança no banheiro, tomando banho ou no quarto se trocando de roupa.
Auditiva
- Fazer comentários de conotação sexual para a criança do tipo “que bundinha, né?” ou “estás com as perninhas grossinhas?” ou “já estás criando peitinhos!!”. Muitas vezes junto com esses comentários o adulto acrescenta um contato físico tocando nas partes da criança da qual está falando.
- Ao ficar a sós com a criança ou adolescente o adulto pede para ter relação sexual. Muitos deles dizem para a criança: “eu sei que tu também quer”, ou diz que a criança é uma “safadinha” ou que ela gosta de sexo e coisas do tipo. Ou seja, fala sobre sexualidade com a criança como se ela fosse adulta.
Estas são formas de ativar a sexualidade da criança antes do tempo de acontecer naturalmente (10 a 12 anos). Isso significa que a criança vai entrar em contato com a sexualidade sem seu corpo estar pronto, nem sua mente estar pronta para isso, produzindo desta forma um trauma sexual.
Esse choque deixa a criança com alguns comportamentos que não são naturais. Um deles é a criança começa a se comportar de forma “robotizada”, como alheia. Essa é uma forma de dizer “eu não quero estar aqui, nesta situação”. Esse tipo de comportamento, de não reagir a estímulos, faz com que o abusador passe acreditar que a criança está gostando, pois ela não diz nada e faz tudo o que é mandado como um robô.
Um comportamento comum dos abusadores é minimizar esse contato sexual dizendo que é apenas uma brincadeira, que não houve penetração ou contato sexual maior. O abusador também costuma dizer que é mentira da criança ou que é exagero, que não aconteceu nada. Mas a criança não poderia mentir sobre aquilo que ela não conhece: a sexualidade. Um psicólogo conhece os sintomas de uma criança abusada sexualmente e pode tirar dúvidas sobre se é ou não verdade que está acontecendo um abuso sexual.
Então, se sua filha ou filho muda de comportamento, fica diferente e estranho ou fala que não quer mais ficar a sós com algum adulto, procure um psicólogo para tirar essa dúvida. Não faça vista grossa nem ache que são coisas da cabeça da criança. Tire as dúvidas e proteja essa criança. Quando adulto essa criança vai lembrar que a mãe não a protegeu e a culpará.
Sequelas na vida adulta
As sequelas se dão a nível de pensamentos, sentimentos e no corpo físico da pessoa sexualmente abusada.
As consequências no corpo físico aparecem como doenças ou disfunções do corpo. Estas doenças e disfunções estão associadas à disfunção sexual criada no momento do abuso pelas emoções associadas de NOJO, MEDO, RAIVA e ÓDIO. Essas emoções se geram durante o abuso e elas reprimem a energia sexual da pessoa abusada. A repressão da energia sexual dificulta ter prazer sexual quando se relaciona com outra pessoa, ela está bloqueada. O bloqueio da Energia Sexual faz com que essa energia fique acumulada no corpo e se degrade (como uma fruta guardada numa gaveta que apodrece). Essa energia degradada gera doenças no corpo como: doenças de pele, nódulos nos seios, cistos nos ovários e útero, endometriose etc.
As sequelas além de se dar no corpo físico, também aparecem no nível de pensamentos, sentimentos.
As disfunções no comportamento estão associadas as emoções geradas no abuso: NOJO, MEDO, RAIVA e ÓDIO. Em particular o NOJO do próprio corpo e o ÓDIO de sua sexualidade. Esse ÓDIO e RAIVA de si diminuem sua autoestima. A pessoa não se gosta.
Se criam também CRENÇAS a respeito da sexualidade. O abusador usa a criança ou adolescente para satisfazer seu desejo sexual. Então a criança sente e pensa a mesma coisa: que seu corpo serve de dar prazer ao outro. Quando adulto se mantem esses pensamentos: meu corpo é para dar prazer ao outro e meu prazer fica de lado. Isto provoca INSATISFAÇÃO SEXUAL. Não consegue usar seu corpo para a própria SATISFAÇÃO.
Essa insatisfação pode provocar 2 tipos de comportamento:
1- Retração sexual: a pessoa EVITA TER RELAÇÕES SEXUAIS porque não tem prazer. Se sente suja, com nojo e pode relembrar do abuso a cada vez que tenha relação sexual.
2- Compulsão sexual: porque não consegue ter prazer, orgasmo, na relação sexual com um parceiro ou parceira. Geralmente só conseguem ter orgasmo quando se masturba com fantasias sexuais.
O corpo, quando abusado, é estimulado sexualmente pelo abusador e reage a esse estímulo. Mentalmente a criança não quer a relação sexual e emocionalmente sente nojo e medo, mas o corpo está excitado porque as células do corpo reagem ao estímulo do toque e não aos pensamentos e emoções. Isso gera um conflito dentro da pessoa: meu corpo se excita, minha mente diz “não quero fazer sexo; é errado” e sinto muito nojo e medo. Então, a partir desse momento a excitação sexual fica associada a “é errado” e aos sentimentos de nojo e medo. Dessa forma se cria um BLOQUEIO SEXUAL.
O Psicólogo trabalha PARA desfazer a associação da EXCITAÇÃO SEXUAL com o MEDO, o NOJO e os pensamentos de que SEXO É ERRADO. A ENERGIA SEXUAL precisa ser liberada dessas emoções negativas e dessas crenças e pensamentos negativos a respeito de sexo para que a pessoa possa USUFRUIR DE SEU CORPO PARA TER PRAZER SEXUAL. Com isto também se recupera a autoestima, deteriorada por se sentir suja, culpada, errada. Se RECUPERA A INOSCENCIA SEXUAL INFANTIL.
Por que continuo sendo assediada depois do abuso?
O que acontece com uma pessoa que foi molestada sexualmente antes dos 10, 12 anos é que ela não entende o que está acontecendo e geralmente ela só vem a entender o que aconteceu na sua infância quando chega aos 12 anos e sua sexualidade começa a ser compreendida.
Quando a criança entra em contato com a sexualidade do adulto e isso provoca um choque. Ela não entende o que está acontecendo, mas percebe que algo errado está acontecendo. É como se a criança intuísse que está errado. Algumas crianças conseguem falar para o adulto “não quero que você faça isso!” mas elas não sabem que isso é um contato sexual, não entendem o que é sexualidade. Algumas crianças podem falar sobre sexo, mas é uma repetição do que o adulto falou ou escutou na TV. Elas mesmas não sabem de fato de que se trata porque não se desenvolveu para que seu cérebro consiga ter uma compreensão do que é sexo.
Quando acontece o abuso o corpo da criança entra em contato com a sexualidade, a energia sexual é ativada no CORPO INFANTIL sem que ela tenha conhecimento do que é isso. Então ela começa a sentir excitação antes que as outras crianças. Isso pode se manifestar quando a criança começa a se tocar, a se masturbar antes dos 10 anos. A libido começa a circular pelo corpo da criança.
Essa energia sexual no corpo de uma criança é vista pelo abusador como que a criança o excita. Então depois que a criança teve o primeiro conato com a sexualidade, estimulada por um adulto, ela começa a trazer essa energia sexual no corpo, sem ter consciência. Essa energia sexual no corpo faz com que o adulto tenha interesse sexual na criança e volte a acontecer o abuso. A cada vez que a criança é abusada, novamente a sexualidade é ativada no corpo da criança. Quanto mais molestada a criança, mais ela vai ter ativada a energia sexual no corpo, mais ela vai a atrair abusadores.
É importante ressaltar neste ponto que se os familiares ou outros adultos perceberem que uma criança tendo essa energia sexual, investiguem se essa criança está sendo abusada. Outro parâmetro a ser tido em conta é quando a criança tem falas de sexualidade antes dos 7 anos; isso também pode ser um indicador que pode estar acontecendo um abuso sexual.
O contato sexual com adulto faz com que essa criança quando crescer desenvolva uma repulsa pela sexualidade, sinta nojo desse contato sexual prematuro e pelo seu corpo sexual. Quando adulta não aceita a energia sexual dentro dela, por causa do nojo do que aconteceu na infância e por medo de ser abusada ou forçada novamente. Então ela não quer ter essa sexualidade no corpo. Desta forma a sexualidade fica fora da consciência, mas não fora do corpo. Fora da consciência é evitar lembrar das cenas do abuso e do que sentiu na ocasião. É não querer lembrar do nojo que sentiu. Fora da consciência não quer dizer fora de si mesma. É como se a energia sexual ficasse numa região envolta dela. Ela não quer o sexo, mas ele fica envolta da pessoa e continua atraindo a atenção dos abusadores. A rejeição da própria sexualidade provoca um reforço na situação de atrair o abusador.
Então a pessoa começa a acreditar que a culpa é dela, que tem alguma coisa errada com ela que atrai esse tipo de situações. Assim rejeita ainda mais a própria sexualidade. Isso faz com que tenha dificuldade em ter um prazer sexual completo. Algumas pessoas não têm prazer sexual nenhum. Outras tem um comportamento de ter muitas relações sexuais, ou se masturbar compulsivamente, porque em cada ato sexual não libera totalmente a energia sexual e acaba ficando insatisfeita. Essa falta de liberação da energia sexual é por conta da rejeição da própria sexualidade. Muitas vezes essa rejeição aconteceu na infância e na vida adulta fica inconsciente.
Essa rejeição da sexualidade traz dois comportamentos possíveis:
- Evitação: a mulher evita o contato sexual. Quando casada isso traz graves problemas de relacionamento. O homem se sente não amado pela mulher que o evita. Tem paranoias que está sendo traído (“se a mulher não tem relações sexuais com ele, deve ter com outro”). Isso dá muitas brigas e até agressões.
- Compulsão por sexo. Porque não se sacia sexualmente. Pode até ter orgasmo, mesmo assim continua com vontade. Isso se deve porque não tem prazer pleno.
Tratamento
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