Quando um dos parceiros tem menos necessidade de contato sexual que o outro
Aquele que tem mais necessidade se sente não desejado e gera baixa estima. O que tem menos interesse sexual se sente pressionado e submetido ao excesso de relações e acaba perdendo interesse mais ainda. Neste caso aquele que não está sendo acolhido sexualmente nas suas necessidades pode ficar com raiva de não ser desejado, agredir verbalmente o outro, começa a ter paranoias de que está sendo traído e que por conta disso o outro não o deseja. Isso cria uma obsessão maior em ter sexualmente o parceiro que evita o sexo. Em alguns casos aquele que se sente rejeitado pode arrumar amantes e deixar que o parceiro saiba como forma de despertar ciúmes e ver se isso aproxima o parceiro que o está rejeitando. Outro fato é que quem se sente rejeitado comece a beber álcool ou alguma droga como forma de amortecer a dor da rejeição. No geral, nestas relações, há muitas discussões, acusações e agressões.
Existe diferença entre o desejo sexual da mulher e o do homem?
Existem algumas pessoas que afirmam que o desejo sexual da mulher é menor que o do homem. Em realidade, isso não é verdade. Há casais em que a mulher tem mais desejo que o homem.
Homens e mulheres tem o mesmo desejo ou apetite sexual.
Entre os diferentes casais existem variações. Têm casais que mantém mais relações sexuais semanais que outros. O importante é que os parceiros tenham o mesmo interesse de frequência sexual semanal.
Faz parte do namoro, fase em que os parceiros estão se conhecendo, que se verifique se combinam nas preferências sexuais, pois os casamentos em que há insatisfação sexual de um dos parceiros passam por vários tipos de conflitos.
Em geral as pessoas têm o mesmo interesse sexual, em média 2 ou 3 relações por semana, supondo que os parceiros se gostem, se desejem e se amem um ao outro.
A admiração surge de tudo o que o outro representa nas trocas afetivas, intelectuais e intimidade. Esclareço isso pois hoje em dia é muito comum relações de casal baseadas na troca de interesses pessoais, um dá conforto e segurança e o outro dá beleza e bom trato, ou outros tipos interesses a serem trocados. Nesse caso o ritmo sexual decai bastante, para 1 ou 2 relações sexuais ao mês, as vezes menos, pois a relação é baseada na troca de interesses.
Quando os parceiros se gostam e o ritmo é menor de 2 relações sexuais por semana pode haver problemas na libido de um deles ou de ambos. Por vezes essa diminuição se dá pela baixa hormonal comum em torno dos 40, 50 ou 60 anos, dependendo do organismo. Quando não é o caso da idade pode haver bloqueios da energia sexual ou libido provocados por problemas emocionais ou crenças negativas a respeito do sexo.
Excesso ou falta de desejo é produto do mesmo problema: insatisfação sexual provocada por bloqueio e distorção da sexualidade. Esse bloqueio é consequência de um trauma sexual e/ou crença negativa associada ao sexo.
Bloqueios emocionais temporários:
O estresse da vida cotidiana pode provocar uma diminuição temporal do interesse sexual. Quando a situação estressante passa, a pessoa volta a ter desejo sexual como antes.
Se envolver com uma terceira pessoa diminui o interesse sexual no parceiro. Nesse caso a libido é direcionada para o novo parceiro e o ciúme do parceiro “oficial” é justificado.
Uma outra situação que faz diminuir a frequência pode ser a chegada de um filho. Tem casais que diminuem os dois, mas tem outros que só um perde um pouco de interesse sexual enquanto a criança é bebê. Nesse caso o parceiro que fica com o desejo sexual insatisfeito acaba se sentindo rejeitado, gerando discussões, traições, uso de drogas, dentre outras. Diminuir a frequência sexual por causa de um filho também pode envolver um bloqueio da libido por conta de algum trauma de infância. Quando o filho cresce o bloqueio fica inativo até que a chegada de outro filho o faça entrar em contato novamente com seu trauma.
Bloqueios emocionais duradouros:
Nestes casos, um trauma de infância ou adolescência provoca um bloqueio contínuo da libido. Geralmente estes traumas vem acompanhados com uma compreensão distorcida da sexualidade chamada de crença negativa. Os bloqueios emocionais deste tipo podem diminuir o interesse sexual ou aumentá-lo.
Uma pessoa que foi molestada sexualmente na infância pode ter repulsa pela sexualidade ou pode ter compulsão sexual. O mesmo trauma pode provocar os dois extremos da sexualidade: não querer ou querer toda hora. Este tipo de bloqueio faz com a pessoa nunca encontre o parceiro adequado, pois o sexo sempre ativa seu trauma provocando insatisfação por falta ou por excesso.
Crenças negativas sobre a sexualidade podem ser criadas por um trauma, mas também podem ser passadas pelos pais do tipo: “sexo é sujo”, “se você transar vai ser uma puta” e outros. Se o filho tem muito amor por esse pai ou por essa mãe que passou esses conceitos, vai aceitar o que os pais pensam a respeito do sexo sem duvidar se isso é verdade ou não. Ou pode, por raiva dessa crença, fazer exatamente aquilo que foi dito pelos pais como uma forma de se livrar dessa crença.
Uma mãe ou um pai que reprime sua sexualidade pode fazer que, inconscientemente, sua energia sexual seja transferida para o filho/a, isto é, se um dos pais rejeita sua sexualidade, o filho/a se torna extremamente sexual com poucos anos de idade (3 ou 4 anos em diante) o que não é normal para essa criança, pois a sexualidade desperta por volta dos 10 a 12 anos. Essas crianças que carregam a sexualidade reprimida do pai ou da mãe, serão adultos com excesso de desejo sexual, criando um problema para si nas suas relações.
A repressão dos pais com a sexualidade dos filhos, principalmente com as meninas, pode criar dificuldades em ter prazer por não ter coragem de conhecer a própria sexualidade. As crianças, por volta dos 10 anos em diante, começam a ter curiosidade sexual e se tocar para ter prazer. Mas muitos pais reprimem essa curiosidade e a masturbação dos seus filhos/as, impedindo desta forma o desenvolvimento normal da sexualidade. Conhecer o próprio corpo e se masturbar é um exercício que faz desenvolver a capacidade de ter orgasmo nas relações com parceiros quando chegar o tempo de tê-las.
Por último vou citar os vínculos exageradamente próximos com a mãe ou com o pai depois dos 15 anos pode criar uma insatisfação sexual. Vínculos fortes com os pais não são necessariamente vínculos de amor extremo, neste caso também é considerado vínculos de ódio intenso. Nestes casos o adolescente, o jovem e depois o adulto, não se abre para o vínculo com outros parceiros e ficam atrelados ao vínculo familiar, infantilizados emocionalmente. Isso impede que um vínculo estável aconteça com parceiros, podendo assim evitar o sexo ou apenas usar sexualmente os parceiros para satisfação sexual imediata.
Existem outros tipos de bloqueios não tão frequentes, mas neste texto me limitei a delinear o que aparece com mais frequência no consultório de psicologia.