A depressão é uma falta de interesse pela vida. É uma forma de morte, de se desconectar da vida. De nada fazer sentido. De tudo ser inputil.
Causas possíveis:
- Perdas:
A depressão é parte de um processo de luto, de se desapegar das lembranças e da falta que a pessoa faz na vida presente do paciente. Podemos incluir dentro das perdas as separações. Ora é uma perda das pessoas queridas; ora é uma perda dos outros, que não nos pertence, mas carregamos; ora é uma perda de nós mesmos. Pode ser até uma perda de um trabalho ou de uma profissão.
- Vínculo deficiente com a mãe:
A mãe não foi presente durante a infância do paciente.
- Mãe que abandonou com parentes, mesmo que de tempos em tempos aparecesse, a criança se sente abandonada. Outras mães dão seus filhos em adoção, ou deixam num orfanato. Muitas crianças adotadas que não sabem deste fato sofrem do mesmo jeito de depressão. Há uma lembrança que está inconsciente da separação da mãe, e isso provoca um luto permanente que é a depressão.
- Pessoas que estão brigadas com a mãe e tentam romper o vínculo com ela, sejam quais forem os motivos, isso também provoca depressão.
A mãe é quem nos dá a vida, é a que nos traz ao mundo. Negar a mãe significa negar essa conexão com o mundo. E a falta de interesse pelas coisas do mundo é depressão.
A forma como nos vinculamos com a nossa mãe é a forma como nos conectamos com a vida.
- Depressão sistêmica ou familiar:
Herdada ou passada de uma geração para outra da família.
- Um filho vê a mãe (ou o pai) com depressão e tenta tirá-la desse estado. Pela afeição que tem por ela coloca seus esforços de criança a serviço da depressão da mãe. Só que seus esforços não têm resultados. Tem dificuldades em deixar sua mãe com seu sofrimento e continuar sua vida e escolhe sofrer, junto com mãe, a depressão.
- Nos casos em que irmãos foram abortados e não foi revelado para o outro filho, este último sofre o luto de forma inconsciente como uma depressão.
- Outra situação de depressão sistêmica se dá quando um antecessor (avós, bisavós, tataravós etc.) cometeu um ou vários assassinatos. Era comum, anos atrás brigas por terras, participar de guerras ou qualquer briga ser resolvida matando. Os descendentes “carregam essas mortes nas costas” na forma de depressão, luto pelos mortos que o ancestral matou e não “carregou” a responsabilidade pelas consequências.
- Depressão propriamente dita:
É a depressão produzida pelo Orgulho Falido.
Orgulho é aquele pensamento recorrente de que “TUDO TEM QUE SER COMO EU QUERO”. Orgulho é se negar a viver a vida porque sempre há algo que não está certo (como EU penso que tem que ser). São pessoas pessimistas, pois para se negar a viver sempre encontram um defeito. Eles falam: “NÃO É QUE SOU PESSIMISTA, SOU REALISTA”.
Tentam em vão se sobrepor ao desânimo, que eles mesmos provocam com seu pessimismo, mas não conseguem porque não acreditam mais que alguma coisa vai dar certo para eles. Tentam com orgulho, achando que sua tentativa é perfeita, com prepotência querendo impor sua vontade, mas o mundo que os cerca é o imperfeito e não responde as suas demandas.
Ficam irados, cheios de raiva pelo seu fracasso, ou pela não concordância das pessoas ou situações com as quais convivem. Se sentem injustiçados. Pensam que os outros são menos inteligentes, incompetentes, se irritam e ferem com palavras que atingem a autoestima do outro. São eles que estão com baixa estima e projetam suas frustrações nas outras pessoas e situações.
Desta forma eles dizem NÃO PARA A VIDA. Negam qualquer tipo de ajuda. Nada serve para tirá-los do fundo do poço. Eles não querem. Aos poucos eles vão perdendo todo o interesse pela vida, suas forças se recolhem para dentro de si e ficam prostrados, mortos em vida. O pensamento que se segue é que é preferível morrer que viver assim.
As terapias neste caso tentam, sem resultado algum, animar a pessoa, indicam movimentação do corpo para gerar hormônios que gerem sensação de prazer, o que eles já perderam há muito tempo.
O deprimido tem que sair sozinho, com suas próprias forças. Ninguém pode tirá-lo ou convencê-lo a sair desse “poço”.
Para sair tem que começar a enxergar o mundo de outra forma, onde sua vontade não prevalece. Se perceber nas situações em que é arrogante e se irrita porque as coisas não são de seu jeito. Mesmo que tenha razão, está errado pois esta razão do deprimido é baseada num olhar egoísta das situações e das pessoas. Esta razão egoísta é o cerne da depressão. A razão centrada no ego é a causa da depressão. Achar que sabe tudo, que está certo em tudo, que sempre tem a melhor resposta. É uma alienação narcisista. E narciso está desconectado do mundo, vive apenas para si. No paciente deprimido este Narciso faliu, não deu certo em viver centrado em si mesmo. O contraste com o mundo externo mostra para ele sua falência.
Só resta uma saída: deixar a si mesmo de lado e ser útil ao mundo. Perceber-se nas situações em que é egoísta, orgulhoso e vaidoso e dar marcha ré nessa forma de pensar que gera tanta raiva, desilusão, tristeza, impotência, rigidez, pessimismo, negação, desinteresse pela vida. Aprender a pensar diferente, pensar com otimismo e servir aos outros sem restrições ou condições (egoístas) impostas. Servir com alegria, com humildade (sem se achar superior), vendo o outro como igual. É um caminho longo e de esforço pessoal interior. Ninguém consegue ajudar o deprimido a pensar diferente, apenas ele pode fazer isso.