As qualidades masculinas e femininas se manifestam tanto em homens como em mulheres, isto é, todos nós carregamos qualidades femininas e masculinas conosco. As qualidades naturais do feminino e masculino podem se distorcer quando aparece o MEDO. Esse medo gera ÓDIO como defesa e isso faz distorcer as qualidades originais. Vemos na tabela abaixo algumas qualidades e distorções do masculino e feminino:
Feminino |
Distorção do Feminino |
Masculino |
Distorção do Masculino |
Receptividade | Submissão | Ação | Agressividade |
Aceitação | Dependência | Realização | Falsa autossuficiência |
Expansão | Masoquismo | Prover | Sadismo |
Pacificar | Vitimismo | Proteção | Lutar |
Paciência e Tolerância | Permissividade | Limites | |
Holismo (ver o todo e não apenas as partes) | Falta de praticidade | Foco, Concentração, Disciplina | Falta de contexto, visão do todo |
Intuição | Lógica matemática, raciocínio | ||
Sentimentos e emoções | Sentimentalismo | Razão | Frialdade |
Seletividade de parceiro | Promiscuidade | ||
Compaixão | Impiedade | ||
Beleza | Sedução | Liderança | Intimidação, Abuso de poder, Prepotência |
Rejeição do feminino, visto como submissão | Diminuição do feminino | ||
Sensibilidade | Susceptibilidade | Falta de sensibilidade, Rudeza | |
Delicadeza, Gentileza | Bruto, Sem polimento | ||
Acolher | Identificação com o sofrimento sem dar uma saída (sofrer junto) | Direcionamento, Planejamento | Julgar, Criticar sem dar uma saída |
Integrar | Analisar | ||
Compreensão | Sabedoria (saber como funcionam as coisas) | ||
Expansão | Desordem | Direção, Ordem | |
Brandura | Firmeza | ||
Cooperação, União | Submissão | Comando | Individualismo, Egoísmo |
Depressão | Ansiedade | ||
Capacidade de se relacionar | Carência | Autoconfiança | Insegurança, Falta de auto confiança |
Ambas distorções são formas de violência. O intimidador é dependente do intimidado e vice-versa. Quando há paz o feminino distorcido e o masculino distorcido fazem alguma coisa para trazer à tona o ódio. Ambos remoem mágoas para gerar sofrimento e tristeza em si mesmo (masoquismo) ou para descarregar o ódio da mágoa no outro (sadismo). Ambos se alimentam da humilhação. O masoquista do próprio sofrimento e o sádico do sofrimento do outro.
Brigas de casal (dinâmica sadomasoquista)
Em um determinado lar os filhos veem o pai agredir a mãe; o pai usando seu masculino distorcido (sadismo) e a mãe submetendo-se aos maus tratos (masoquismo). Os filhos não entendem a dinâmica sadomasoquista do casal. Na sua visão infantil acreditam que a mãe está sendo vítima e precisa da proteção dos filhos contra o pai. Essa aliança com a mãe e a rejeição do pai provoca raiva do pai agressor e raiva da mãe submissa que não se defende. Os filhos não entendem essa lógica sadomasoquista em que um é dependente do ódio do outro para poder continuar a briga, as vinganças sem fim, e assim se impor um ao outro.
Um homem que reprime seu masculino porque o pai tem atitudes sádicas, quando fica alterado pela raiva, age como esse pai. Esse homem, quando está calmo e a consciência está no comando da sua mente, tem uma postura mais feminina, com as qualidades do feminino sadias (mais receptivo, amoroso, etc), mas também as distorcidas (se vitimiza, pouca iniciativa, carente, etc.). Ao mesmo tempo que tem uma postura distorcida do masculino (reações raivosas e agressivas, etc.) não consegue manifestar as qualidades sadias do masculino (autoconfiança, decisão, assertividade na vida, etc.).
Uma mulher que rejeita o masculino usa de seu masculino distorcido (agressividade, falsa autossuficiência, competitividade, etc.) como forma de enfrentar o masculino distorcido. Desta forma ela não aceita seu feminino na sua consciência porque o acha frágil, submisso, sem força, etc. que é o feminino distorcido da sua mãe. Assim ela também rejeita o próprio feminino sadio que é receptividade, amorosidade, apaziguar, união e cooperação, etc.
O machismo é usar o masculino distorcido. O feminismo é usar o masculino distorcido para enfrentar o próprio masculino distorcido. Ou seja, não há lugar para o feminino sadio se manifestar.
Em um lar onde a mãe é agressiva e o pai é submisso, isto é, a mãe tem uma atitude masculina distorcida e não usa seu feminino sadio (amorosidade, compreensão, acolhimento, etc.) com seus filhos, estes buscam as qualidades femininas no pai e se posicionam contra a mãe. Ou seja, valorizam as qualidades femininas sadias do pai, mas também não absorvem as qualidades masculinas sadias do pai (segurança, ação, direcionamento na vida, etc.) porque o pai não as manifesta. Os filhos se sentem fracos perante a vida, como o pai. Ao mesmo tempo rejeitam a mãe agressiva e exigente, desenvolvendo um feminino distorcido (dependência, carência, desproteção, isolamento, depressão, baixa-estima, etc.)
As distorções surgem em nós da falta de compreensão da relação entre os pais, e dos pais conosco. Os pais nos iniciam nessas distorções na forma como como nos envolvem nas suas disputas de poder do casal. Os filhos, crianças ainda, não tem uma compreensão clara dos jogos sadomasoquistas pelo poder que os pais têm. Muitas vezes os pais envolvem seus filhos nessas disputas exigindo que se alinhem de um ou de outro lado, geralmente se vitimizando.
Outra forma de desenvolver distorções nos filhos é a forma como os tratamos. Por vezes os pais agridem os filhos colocando-os numa posição de vítima constante pelos maus tratos gerando uma personalidade masoquista (feminino distorcido). Por vezes os pais se fazem de vítima obrigando os filhos a cuidarem deles desenvolvendo nos filhos uma atitude sádica (masculino distorcido). Isso faz com que os filhos agridam o pai ou a mãe que se faz de vítima para conseguir dos cuidados do filho.
Desta forma se perpetua de geração para geração as distorções do masculino e do feminino e do círculo vicioso do sadomasoquismo (prazer na agressão e em ser agredido).
Sadismo é uma distorção do masculino que tem como expressão o ódio dos outros e do “mundo injusto”. É uma expressão do ódio para fora de si. “A culpa de meu sofrimento é do outro, preciso me vingar, dar uma lição para que o outro aprenda a não me magoar.” O sádico se acha sempre certo, “o correto”. É o acusador e o executor da sentença do outro. Haters (odiadores) na internet são um exemplo de sadismo, de colocar o ódio para fora de si. Uma intolerância extrema com o diferente para poder expurgar o ódio de dentro de si.
Masoquismo é uma distorção do feminino que tem como expressão o ódio contra si mesmo. É uma expressão do ódio para dentro de si. “Eu não sou boa pessoa, mereço que me façam sofrer para eu pagar o mal que eu fiz. Preciso ser boa pessoa para os outros, mesmo que eles me agridam. Se me agridem é porque mereço. Sou culpada e mereço sofrer.” O masoquista se acha sempre errado, insuficiente, incapaz. Merece tudo de mal que acontece com ele. Autojulgamento e intolerância com os próprios erros.
Estamos falando da culpa de não ser amados, pelo menos é assim como interpretamos a vida. Na realidade nós não nos sentimos amados como NÓS queríamos e colocamos a culpa disso nos outros, aqueles que não nos amaram (sadismo) ou em nós mesmos, achando que há algo errado conosco para não sermos amados (masoquismo).
O sadismo e o masoquismo se atraem mutuamente. Um quer culpar o outro pelo amor não recebido e o outro se culpa a si mesmo por não receber amor. O sádico quer agredir, colocar seu ódio para fora. O masoquista quer ser castigado pelos seus erros, quer receber esse ódio porque se odeia.
Machismo é o sadismo, é o ódio pelo outro, é a acusação do outro pelo mal que sofro, é a agressão do outro como vingança, para que o outro me respeite, para que o outro aprenda a me amar como eu sou; eu sou o correto. Feminismo é sadismo também agindo num corpo feminino. Tem a mesma postura sádica de acusação, revanche, querer fazer o outro pagar pelo mal que sente. O feminismo odeia a mulher masoquista. O masoquismo é a distorção do feminino. A feminista se defende dessa distorção usando o masculino distorcido, o sadismo. Reprimindo em si mesma o feminino sadio (Compaixão, Sensibilidade, Delicadeza, Gentileza, Receptividade, Tolerância, etc.).
Homens e mulheres usam alternativamente de sadismo (machismo ou feminismo) e masoquismo porque não conseguem entender por que não se sentem amados (entendendo isto como o outro não me ama). Tentam encontrar culpados para isso, quando na realidade não se sentir amado é uma interpretação pessoal. Através das distorções do masculino e feminino se defendem dessa crença de não serem amados. O ódio é usado para se defender da falta de amor. Odeiam por não serem amados e se fazem odiar, perpetuando assim a crença de falta de amor.
O Medo de não ser amado e o Ódio como vingança de tal, geram as distorções do masculino e do feminino como mecanismos de defesa da falta de amor do outro, esquecendo-se de amar a si mesmos.
O ódio nas formas de sadismo, machismo, feminismo e masoquismo NÃO nos conduzirão ao AMOR, à união, ao respeito, etc. que são os verdadeiros valores femininos e masculinos do ser humano.